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Arquitetos: P+S Estudio de Arquitectura
- Área: 136 m²
- Ano: 2021
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Fotografias:Josema Cutillas, Lucía Cortés Soltmann
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Fabricantes: Garnica Plywood
Descrição enviada pela equipe de projeto. CIRCUM refere-se ao ato primitivo de “cercar” e, com isso, “criar espaço”. Deste modo, na operação elementar de diferenciação entre o que está dentro (sistema) e o que está fora (ambiente), o limite é marcado pela primeira vez, constituindo assim, com este gesto elementar, uma primeira forma de fazer arquitetura. Uma operação que diferencia, mas não separa, estabelecendo um ambiente comunicativo poroso, como se fosse uma parede celular; constituindo uma forma original de fundar um lugar e salvaguardar os atos comunicativos que possam surgir entre o interior e o exterior deste microssistema urbano.
A intenção, então, é abrir a discussão a respeito da indeterminação do espaço fechado, que pode coletar inúmeros atos, todos decorrentes do acaso comunicativo entre o que está dentro e o que está fora. Por isso, CIRCUM pretende ser uma alegoria do tão necessário “indeterminismo” espacial, para além do desejo irreprimível de tudo projetar. Pretende-se desta forma gerar uma nova configuração dinâmica dentro do parque do Ebro em Logroño, com o propósito de transformar o espaço público em um local social ativo, um espaço de encontros e trocas que, pelo seu caráter efêmero, gera novos fluxos, lugares de sociabilidade e apropriação espontânea. O principal material utilizado foi a madeira, utilizando 27 painéis de madeira compensada de pinus Laudio Deco de Garnica (250 x 125 cm), que se dividem em peças de 12,5 x 250 cm e 12,5 x 25 cm, para que a operação não gere nenhum tipo de desperdício desnecessário, aproveitando assim o material em sua capacidade de cem por cento. A partir dessa visão, configura-se um único módulo que, repetido sucessivamente, acaba dando corpo ao CIRCUM, que trabalha com a densidade do seu próprio agrupamento. Este módulo resolve-se a partir da honestidade construtiva proposta pelo próprio material, expondo a mecânica física que permite a sua construção: desde o entrelaçamento da madeira, que se refere ao empilhamento vernáculo utilizado na secagem tradicional, ao peso necessário à sua fundação, neste caso, aparece invertida, configurando uma fundação aérea, que sai do solo para se pendurar no centro de gravidade do próprio módulo.
As pedras são, por sua vez, um elo direto com o local, elas são recolhidas onde os solos são sido limpos para o cultivo, são pesadas para obter 40 pedras de 8 quilos que conferem o suporte necessário para a instalação. Desta forma, o CIRCUM se resolve utilizando apenas três materiais elementares: madeira, corda e pedra, dispensando terceiros elementos de união. Desta forma, as madeiras são ligadas umas às outras através dos encaixes. Por um lado, a corda constituí um elemento de tração para o módulo que, por sua vez, é a peça de ligação para a incorporação da pedra na instalação. Desta forma, todo o material utilizado é uma óbvia alegoria dos materiais mais primitivos e elementares utilizados na arquitetura. Por fim, a tríade arquitetônica elementar estrutura-espaço-pele se resolve com uma única operação essencial e reversível, fazendo do CIRCUM um sistema nômade, capaz de se reconfigurar e reconstruir nos vários territórios de sua própria jornada.